De quem é o direito de lutar?: nota de solidariedade em apoio à deputada federal Célia Xakriabá e indígenas atacados em Brasília

Em ato contra o Marco Temporal, polícia jogou bombas de gás na deputada federal Célia Xakriabá (PSOL/MG) e em diversos manifestantes

A voz dos povos originários foi recebida com bombas, não com escuta. A Marcha do Acampamento Terra Livre, expressão legítima da resistência indígena contra o Marco Temporal, foi atacada, nesta quinta-feira (10). Entre cantos, maracás e passos firmes em direção ao Congresso Nacional, a resposta do Estado foi gás lacrimogêneo — violência lançada contra quem luta apenas pelo que já é seu: a terra.

A deputada federal Célia Xakriabá, filha da terra e guerreira do cerrado, foi atingida covardemente. Mas o que as bombas não sabem é que a voz dos povos indígenas não se cala com gás: ela se multiplica, como floresta em tempo de chuva.

Enquanto isso, o mesmo Congresso que fecha as portas para quem anda pela vida, segue de braços abertos para quem atacou a democracia em 8 de janeiro de 2023. Pedem anistia para uma tentativa de golpe, mas negam o direito ancestral de existir. Ao que parece, insistem em equiparar atos democráticos com resistência legítima.

Denunciamos, com o peso da história e o clamor dos que tombaram na floresta, essa ação covarde da Polícia Militar do Distrito Federal. E reafirmamos nossa solidariedade à deputada Célia Xakriabá e a todas as lideranças, mulheres, jovens e anciãos do Acampamento Terra Livre.

O Comitê Chico Mendes se soma à luta dos povos originários. Acreditamos que a democracia não floresce sem demarcação, sem escuta, sem justiça. E enquanto houver um único indígena sendo atacado por defender sua terra, estaremos todos sendo atacados. Seguiremos caminhando ao lado dos que sonham e lutam por um país onde a terra não seja motivo de massacre, mas de pertencimento.

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