Prêmio Chico Mendes 2024 reforça lutas socioambientais e celebra legado de 80 anos

A edição 2024 do Prêmio Chico Mendes de Resistência, promovido pelo Comitê Chico Mendes, marca os 80 anos de nascimento do líder seringueiro e celebra duas décadas de homenagens àqueles que seguem sua luta em defesa da Amazônia. Este ano, um destaque especial é a estreia da categoria Ativismo nas Redes, criada para reconhecer ativistas que utilizam o poder das plataformas digitais para mobilizar consciências e ampliar o impacto das causas socioambientais.

Premiação aconteceu na noite de domingo (15). Foto: Larissa Marinho

Criado em 2004, o Prêmio Chico Mendes de Resistência tem como objetivo destacar aqueles que, como o líder seringueiro, enfrentam desafios pela preservação ambiental e pelos direitos dos povos da floresta. A celebração reforça a memória e o legado de Chico, cuja luta transcendeu as fronteiras da Amazônia e inspira movimentos em todo o mundo.

A premiação foi realizada no domingo (15) em Xapuri, durante a abertura da Semana Chico Mendes 2024, que celebra o legado do seringueiro com o tema “Chico 80 Anos: A Luta Continua”. Com atividades entre os dias 15 e 22 de dezembro, a programação conta com rodas de conversa, oficinas, atos culturais, exposições e exibições audiovisuais que convidam o público a reviver o espírito dos “empates” organizados por Chico Mendes.

A nova categoria surge com o propósito de dar visibilidade ao trabalho dos ativistas que, através das redes, amplificam as vozes das comunidades tradicionais, tornando suas causas mais próximas, mais urgentes e mais vivas para o mundo. Neste mundo interligado, onde a tecnologia se encontra com a resistência, esta categoria celebra aqueles que sabem usar as redes para costurar pontes entre gerações.

Thalita Vasconcelos em sua fala durante a cerimônia de entrega do Prêmio. Foto: Hannah Lydia

A representante da comissão avaliadora do prêmio, Thalita Vasconcelos, ressaltou como a iniciativa é essencial para manter vivo o legado de Chico Mendes e para valorizar aqueles que seguem sua luta.

“O prêmio Chico Mendes de Resistência é muito importante porque é através dele que a gente consegue valorizar e dar visibilidade a essas pessoas, organizações e comunidades. É através delas que os ideais do Chico permaneceram vivos e é através delas que ainda conseguimos ter esperança e resistir em qualquer lugar dessa floresta ou das nossas cidades”, disse.

José Kaeté, o pioneiro do prêmio de ativismo digital

O primeiro vencedor da categoria é José Kaeté, jovem indígena Tupinambá e criador de conteúdo digital conhecido como “Zé na Rede”. Ele conecta os saberes tradicionais da Amazônia com as urgências do mundo contemporâneo, tornando as redes sociais um espaço de visibilidade e transformação. 

José Kaetê foi o primeiro premiado da categoria Ativismo nas Redes. Foto: Hannah Lydia

“Pra mim é uma responsabilidade muito grande ser o primeiro a receber o prêmio Chico Mendes de Resistência na categoria Ativismo nas Redes, principalmente por estar aqui em Xapuri e no dia que Chico Mendes celebraria 80 anos de idade. Acho que se a internet está aí, a gente precisa ocupar ela também para falar sobre a Amazônia e para mostrar as diferentes realidades da Amazônia. E pra mim é um abraço na alma, porque é como se eu tivesse recebido essa mensagem de que estou no caminho certo, eu estou na internet para mostrar para as pessoas que somos diversos, que existem várias Amazônias e a gente precisa ocupar as telas também. Então eu estou muito feliz, muito honrado e me sinto com essa responsabilidade de seguir fazendo esse trabalho ético e importante falando sobre a Amazônia.”

A premiação

O Prêmio Chico Mendes também mantém categorias já consagradas, como Jovem Liderança, Personalidade, Povos Originários e Comunidades Tradicionais, e Relevância Institucional. As indicações, feitas pela sociedade civil, foram avaliadas segundo critérios como práticas de sustentabilidade, resistência e conservação replicáveis. 

A filha primogênita de Chico Mendes e presidenta do Comitê que leva o nome de seu pai, Angela Mendes. Foto: Hannah Lydia

  • Na categoria Comunidades Tradicionais, a vencedora foi a Terra Indígena Kampa do Rio Amônia, reconhecida por sua atuação em práticas sustentáveis e preservação cultural lideradas pela Associação Ashaninka do Rio Amônia – Apiwtxa.

  • Na categoria Relevância Institucional, o destaque foi para o movimento Amazônia de Pé, que busca destinar 50 milhões de hectares de terras públicas aos povos originários e tradicionais.

  • Na categoria Personalidade, o prêmio foi entregue a Leide Aquino, militante socioambiental e defensora incansável das mulheres e da floresta.

  • Na categoria Jovem Liderança, a homenageada foi Samsara Nukini, representante da resistência indígena e símbolo da luta por um futuro mais digno para sua comunidade.

Apoiadores

A Semana Chico Mendes 2024 conta com o apoio de WWF, Fundação Heinrich Böll Stiftung, Estúdio Escarlate, Veja, Hivos, UFAC, Fundação Banco do Brasil e Prefeitura de Xapuri.

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