Comitê Chico Mendes

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“Vozes da Floresta”: 3ª edição do livro celebra 80 anos de Chico Mendes e reforça luta pelo meio ambiente

Lançamento da edição aconteceu na Universidade Federal do Acre com representantes dos levantes retratados no livro

“Vozes da Floresta” retrata diversos depoimentos de pessoas atravessadas pelo legado de Chico. Foto: José Vítor Ferreira

Como parte da programação da Semana Chico Mendes, foi realizado na manhã desta quinta-feira (19), na Universidade Federal do Acre (Ufac), o lançamento da terceira edição do livro Vozes da Floresta. A obra, que já é referência na preservação da memória do ambientalista e seringueiro Chico Mendes, reúne depoimentos, textos e fotografias que narram lutas, histórias e reflexões sobre a Amazônia e seu povo.

O evento contou com a presença de ativistas, pesquisadores e representantes de movimentos sociais, além de amigos e familiares de Chico Mendes. Entre eles, Elson Martins, jornalista e um dos colaboradores da publicação, destacou a relevância da nova edição. 

“Eu participei com textos e fotos dessa edição, mas eu só fui ver ela pronta ontem. Folheei à noite e achei que está uma versão muito mais enriquecida, tanto em termos de agravação, de cores e participação de pessoas. Eu acho que tem mais depoimento verdadeiro nessa edição, de pessoas que não são estrelas, mas que têm um depoimento fundamental para entender a singeleza do Chico Mendes”, afirmou.

Edição foi distribuído para parceiros e presentes no lançamento. Foto: José Lucas Alencar

Martins também refletiu sobre o futuro do legado de Chico Mendes em meio aos desafios atuais. 

“Eu tenho muito medo, sabe, da extrema direita continuar avançando. E aí você fica sem esperança. Mas, ao mesmo tempo, acredito que existe uma alma adormecida em cada criança, em cada amazônida, que num determinado momento pode aflorar. É a última esperança que eu tenho”, diz o entrevistado.

Valéria Santana, coordenadora estadual do Movimento Negro Unificado (MNU-Acre), reforçou a importância de celebrar a diversidade e as alianças que marcam o legado de Chico Mendes. 

“É muito interessante ver que, apesar de tanto tempo ter passado, a gente consegue ainda se reunir para celebrar esses 80 anos do Chico. E celebrar também esses registros que vão ficar para a história. São vozes dos povos da floresta e também de movimentos que se criaram, inspirados na resistência que esses povos iniciaram”, declarou.

“Vozes” conta com falas de companheiros de Chico Mendes e familiares. Foto: José Vítor Ferreira

Para Valéria, o livro também tem um papel fundamental no fortalecimento da identidade afroamazônida. 

“Nós temos aqui um número significativo de pessoas que são afroamazônidas. Para o Movimento Negro Unificado, a gente se reconhecer dentro da história é extremamente importante. Cada registro, cada fala feita, é uma oportunidade de reforçar que essa memória continua resistindo”.

Livro é fruto de parceria entre o Comitê Chico Mendes, Fundação Banco do Brasil e diversos parceiros. Foto: José Lucas Alencar

Júlia Feitosa, de Rio Branco, destacou o compromisso intergeracional presente na nova edição do livro. 

“Essa terceira edição já traz muitas pessoas jovens, netos, filhos, bisnetos e amigos antigos que continuam nessa luta. É o compromisso que nós, os mais velhos, temos com o Chico. O que discutíamos com ele, ele partiu, mas a gente continua. Esse é o sentimento de uma luta que precisa ser cada vez mais ampliada”, afirmou Júlia, ressaltando ainda a relevância do momento frente às discussões globais sobre mudanças climáticas e a realização da COP30 no Brasil.

A Semana Chico Mendes segue com uma programação especial, que conta com o apoio de parceiros como WWF, Fundação Heinrich Böll Stiftung, Estúdio Escarlate, Veja, Hivos, UFAC, Fundação Banco do Brasil e a Revista Xapuri.