Comitê Chico Mendes

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Movimento Plantaformas promove oficina sobre segurança de dados e cosmotécnicas amazônicas na Semana Chico Mendes

Ao falar de territórios digitais, movimento reflete os papéis do digital na reivindicação de locais de fala 

Oficina conecta segurança de dados e cultura amazônica durante a Semana Chico Mendes. Foto: Larissa Marinho

O Movimento Plantaformas realizou a oficina "Segurança de Dados e Cosmotécnicas Amazônicas" na sala de informática do curso de Jornalismo da Universidade Federal do Acre (UFAC). A atividade foi conduzida por Sayô Adinkra, de Salvador e articuladora do Movimento Plantaformas e membra da Casa Preta; Alicia Miranda, de Macapá, representando a Casa Preta Amazônia, o Movimento Plantaformas e o coletivo Utopia Negra Amapaense.

A oficina integrou a programação da Semana Chico Mendes e teve como foco disseminar reflexões sobre o uso consciente da tecnologia e sua relação com os territórios físicos e digitais, abordando questões como segurança de dados, colonialidade digital e o uso de plataformas de software livre para fortalecer a participação social.

Tecnologia além do digital

Segundo Sayô Adinkra, a proposta foi pensar a tecnologia de forma ampla, indo além da perspectiva digital. 

"Refletimos sobre tecnologias que envolvem corpo, natureza, pensamento e ancestralidade, e trouxemos a tecnologia digital como um componente que precisa estar nos territórios de forma crítica e ativa. Discutimos a colonialidade de dados e a vigilância imposta por grandes corporações que rapinam e manipulam nossos dados, colocando em risco a vida nos territórios", afirmou.

Semana Chico Mendes promove reflexões sobre colonialidade digital e participação social. Foto: Larissa Marinho

A oficina apresentou ainda a plataforma Plantaformas, um software livre e participativo que busca democratizar o acesso a ferramentas digitais voltadas para a política comunitária e a gestão territorial. 

"Mostramos como cada um pode se cadastrar, se tornar administrador e criar alternativas digitais alinhadas às necessidades das comunidades locais", destacou Sayô.

Tecnologia consciente e plataformas livres em destaque na oficina do Movimento Plantaformas. Foto: Larissa Marinho

O impacto para os participantes

Liz Gabriela Silva Fernandes, estudante do terceiro período de Jornalismo da UFAC, participou da oficina e ressaltou como a experiência foi enriquecedora. 

"Foi muito legal e foi muito interessante também, especialmente vendo do ponto de vista tecnológico, né, que é algo que nós acessamos bastante e também porque me fez pensar bastante a respeito do nosso território digital, tanto do que nós já ocupamos quanto no que nós podemos aí vir a ocupar", comentou Liz.

A estudante afirmou que os aprendizados adquiridos durante a oficina serão levados para a vida. 

"Com certeza, com certeza. Foram temáticas muito interessantes tratadas e que são temas realmente que são levados a partir de agora mesmo pra sempre", afirmou, destacando a relevância dos temas abordados para sua formação acadêmica e pessoal.

Debate e troca de saberes

Para Alicia Miranda, a oficina foi uma oportunidade de fomentar debates sobre internet e tecnologia a partir de uma perspectiva coletiva e comunitária. 

"Nosso objetivo foi incitar a curiosidade dos participantes para que eles possam, além de usuários, se tornarem administradores de seus próprios territórios digitais. É preciso enxergar alternativas para além das grandes corporações e adotar práticas alinhadas às técnicas ancestrais de comunidade", explicou.

Semana Chico Mendes explora a interseção entre territórios digitais e defesa socioambiental. Foto: Larissa Marinho

A atividade foi estruturada em formato de roda de conversa, permitindo a troca de experiências e reflexões entre os participantes. 

"A gente trabalha em uma perspectiva de roda de conversa. E nisso, todo mundo traz à tona muitas inteligências que cada um traz. Não só quem veio da oficina, eu e a parceira Alicia, mas todo mundo colocou na roda muita coisa que percebeu que tem muito valor", destacou Sayô Adinkra.

Reflexões amazônicas e digitais

A oficina destacou a importância de pensar os territórios digitais em diálogo com a realidade amazônica, traçando paralelos entre o monopólio das Big Techs e o latifúndio. 

"Discutimos como a vulnerabilidade enfrentada na Amazônia em relação ao agronegócio pode ser vista também no território digital. É essencial ocuparmos esses espaços de forma estratégica para fortalecer nossos territórios", concluiu Sayô.

Participantes puderam pensar sobre qual o seu território digital. Foto: Larissa Marinho

Alicia Miranda reforçou a visão do movimento sobre a democratização da tecnologia e a conexão com a ancestralidade. 

"A ideia da nossa oficina foi exatamente essa: cultivar essa curiosidade nas pessoas para que construam seus próprios territórios digitais dentro de algo que é extremamente comunitário e que vem muito alinhado a uma técnica ancestral de comunidade", explicou.

A Semana Chico Mendes segue com uma programação especial, que conta com o apoio de parceiros como WWF, Fundação Heinrich Böll Stiftung, Estúdio Escarlate, Veja, Hivos, UFAC, Fundação Banco do Brasil e a Revista Xapuri.