A caminho da Semana Chico Mendes, Ângela Mendes debate novas economias na Amazônia em conferência do IBRAM
Evento tinha como objetivo discutir novas economias na Amazônia de forma ampla e irrestrita
Falta pouco mais de um mês para a Semana Chico Mendes 2024 e como diz nosso tema neste ano celebrativo: A Luta Continua! E a presidenta executiva do Comitê Chico Mendes, Ângela Mendes, às vésperas do maior encontro sobre biodiversidade e clima do Acre, se dirigiu para a Conferência Internacional Amazônia e Novas Economias, organizada pelo Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), em Belém do Pará.
“A Amazônia passa por diversas transformações que exigem o estabelecimento de um novo paradigma produtivo que, ao mesmo tempo, alavanque e dinamize a economia local e garanta a conservação da biodiversidade, o fim do desmatamento e a redução das desigualdades. Avançar globalmente para uma economia de baixo carbono que diminua a pressão sobre o clima significa passar por uma transição energética que exigirá uma expansão da exploração de minérios estratégicos”, descreve a organização do evento.
Com apresentações, debates e exposições de negócios, com a participação de autoridades, especialistas, investidores, organizações e lideranças que têm atuado com o tema na Amazônia, a conferência colocou em voga temas e falas que costuravam indústria, economia fomentando uma “integração de ações entre setor público, o setor privado, sociedade civil e comunidades”.
Entretanto, em um evento que discute Amazônia, realizado por um instituto de mineração, as discussões podem beirar um lado perigoso dos pontos de vista sobre bioeconomia, como revela a presidenta do Comitê, que esteve discutindo no “Painel 12: A Conservação da Biodiversidade e a Reversão do Tipping Point da Amazônia”:
“Meu painel foi sobre conservação da biodiversidade e reversão do tipping point da Amazônia [conceito usado para descrever o momento em que a Floresta Amazônica pode atingir um limiar crítico de desmatamento, levando a incapacidade do próprio ecossistema se regenerar], com a participação de especialistas da Vale e da Alcoa, além do Funbio… um tanto tenso né”, declara Mendes.
Aproveitando para “falar as verdades inconvenientes”, Ângela expôs diversos fatos sobre como a mineração não é uma solução para os diversos problemas que se enfrenta no quesito preservação e extremos climáticos na atualidade. Para se ter uma ideia, caso a tendência de mineração continue a maior floresta do planeta pode virar deserto, como declarou a Mapbiomas.
“Pois se eu não estivesse na mesa, eles venderiam fácil, fácil uma mentira deslavada de que a mineração é a solução da Amazônia”, revela Ângela Mendes do encontro que teria o objetivo de discutir, justamente, fatores de degradação que levariam a Amazônia a um ponto de não retorno até 2050.
As reflexões servem também para a Semana Chico Mendes, que neste ano repercute o legado de 80 anos do líder seringueiro. Com o tema “Chico 80 Anos: A Luta Continua”, a programação, que ocorrerá entre 15 e 22 de dezembro em Xapuri e Rio Branco, convida os participantes a reviver o espírito dos “empates” de Chico, momentos em que seringueiros se uniram para impedir a destruição da floresta, e que seguem como exemplo inspirador de resistência pacífica.
Sobre a Semana Chico Mendes 2024
O Comitê Chico Mendes convida a sociedade a participar da Semana Chico Mendes 2024, que celebra o 80º aniversário do seringueiro, sindicalista e socioambientalista Chico Mendes, figura que transformou a luta pela Amazônia em um símbolo de resistência e justiça social para o mundo.
Com parceiros que atravessam o território brasileiro, o encontro se prepara para receber e atingir centenas de pessoas no coração da Amazônia.
Serão promovidas rodas de conversa, atos culturais, exposições fotográficas e exibições de filmes sobre a Amazônia. Como Chico ensinou, "nossa vitória depende da nossa organização e disciplina", e em 2024, ao celebrar sua memória, reafirmamos a força coletiva no maior encontro em prol da justiça social e ambiental do Acre.
Sobre o Comitê Chico Mendes
O Comitê Chico Mendes é uma organização dedicada a preservar e dar continuidade ao legado do líder seringueiro Chico Mendes.
Fundado no dia 22 de dezembro de 1988, data do assassinato de Chico, surgiu a partir da mobilização de mais de trinta entidades, além de amigos e companheiros de luta, com o objetivo de exigir justiça e responsabilização pelos autores do crime, movidos pelo luto, que virou luta, e pela determinação em manter viva a causa pela qual Chico Mendes lutou e foi assassinado.
Por meio de suas ações, o Comitê promove a difusão da cultura, dos saberes e dos modos de vida das populações amazônicas, além de fortalecer o compromisso com a preservação da floresta e dos direitos das pessoas que dela dependem.